terça-feira, 8 de julho de 2014

Cabecear a bola pode fazer mal para o cérebro


Especialistas afirma que risco de danos cerebrais não é tão severo quanto no boxe, mas que é preciso prestar mais atenção aos choque repetitivos provocado pelas cabeçadas no futebol

As cabeçadas dos jogadores de futebol podem gerar traumas neurológicos no longo prazo. O dano cerebral provocado pelo choque com a bola ainda não é consenso, mas estudos recentes apontam para a existência de uma relação entre cabeceadas e o declínio cognitivo de atletas.

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Esses danos não são tão severos como os provocados pelo boxe, mas, de fato, é preciso mais atenção às cabeçadas. De acordo com estudo da Escola de Medicina Albert Einstein em Nova York, publicado no ano passado, o problema não está na magnitude do impacto, que não é forte o suficiente para dilacerar as fibras nervosas do cérebro. Ele está na repetição que poderia desencadear um efeito cascata e levar a degeneração das células do cérebro no longo prazo.

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Em partidas de futebol, um jogador dá entre 6 e 12 cabeçadas em bolas que atingem velocidades superiores a 80 km/h. Nos treinos, as cabeceadas podem chegar a mais de trinta. Os zagueiros são os que mais correm risco de sofrerem danos cerebrais no longo prazo, de acordo com o médico Tom Schweizer, diretor do programa de pesquisa em neurociência do Hospital Infantil de St. Michael, em Toronto.

Schweizer fez uma análise de diversos estudos sobre colisões no futebol e publicou um artigo em fevereiro deste ano sobre o assunto no periódico científico Brain Injury. Um dos estudos mostrou que jogadores aposentados além apresentarem nota baixa em testes de atenção, tinham déficit de memória e percepção.

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Schweizer afirma que é preciso mais atenção às cabeçadas e que faltam estudos sobre o assunto. resultados importantes sobre o dano cerebral provocado pelas cabeçadas devem sair do banco de cérebro da Universidade de São Paulo.

O cérebro do jogador Bellini, morto este ano, foi doado pela família para estudo na USP. A investigação vai descobrir se o capitão da seleção brasileira, que ergueu a taça Jules Rimet acima da cabeça, na Copa de 1958, sofreu de mal de Alzheimer por 17 anos, como foi diagnosticado, ou se a demência foi decorrência da chamada encefalopatia traumática crônica, conhecida como síndrome do pugilista por ser mais frequente em ex-lutadores de boxe.

Futebol amador
A possibilidade de danos cerebrais não se restringiria apenas a jogadores profissionais. Um estudo realizado com jogadores de futebol amador também mostrou relação entre cabeçadas e falta de memória.

No estudo da Escola de Medicina Albert Einstein em Nova York liderado por Michael L. Lipton, 37 jogadores de futebol amador, com média de 31 anos de idade, fizeram testes cognitivos e tiveram os cérebros analisados por ressonância. Eles jogavam futebol em média há 22 anos e a partir da frequência que jogavam, os pesquisadores calcularam a provável quantidade de cabeceadas dadas ao longo da vida.

O estudo mostrou que os cérebros dos jogadores que mais cabecearam apresentavam anormalidades na massa branca, semelhantes ao de pacientes com traumatismo. Os pesquisadores concluíram que jogadores com mais de 1.800 cabeçadas por ano eram mais propensos a demonstrar mais pobres escores de memória.
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